sábado, 21 de setembro de 2013

Viajar



A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam.
E mesmo estes podem prolongar-se em memórias, em lembranças, em narrativas. 
Quando o visitante sentou na areia da praia e disse :
"Não há mais o que ver", saiba que não era assim.
O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto.
Ver outra vez o que já se viu, ver na primavera o que se viu no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a serra verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar os passos que foram dados, para repetir e para traçar novos ao lado deles. è preciso recomeçar a viagem. Sempre.
                                                                                                   José Saramago


Por que temos pena de pessoas que não podem viajar?
Porque elas, como não podem se expandir exteriormente, também não conseguem se ampliar interiormente, não podem se multiplicar e, assim, não têm a possibilidade de empreender amplas excursões para dentro de si mesmas e descobrir quem ou o que o outro poderiam ter sido
                                                                   Pascal Mercier, Trem noturno para Lisboa.

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